A CIDADE A VIAGEM DE SAINT-HILAIRE Voltar



O botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire chegou ao Brasil numa missão francesa, em 1816 - época em que diversos artistas e cientistas estrangeiros foram convidados por D. João VI para percorrer o país e descrever suas impressões, traçando um relato precioso do novo mundo que a Europa havia “descoberto”.

Apesar de a obra científica de Saint-Hilaire ter sido grandiosa, não foram seus estudos sobre a flora brasileira que o transformaram no mais cultuado entre todos os viajantes que estiveram no Brasil no século XIX. Observador minucioso, crítico feroz dos costumes, Saint-Hilaire traçou um retrato tão vívido, tão dinâmico, tão humano do Brasil que, passado mais de um século e meio desde a publicação, os nove volumes nos quais ele narra sua ampla jornada pelo país continuam sendo uma leitura apaixonante e elucidativa.

Saint-Hilaire percorreu mais de 12 mil quilômetros em lombo de mula, a pé ou em frágeis pirogas indígenas, coletando plantas e observando a inexorável marcha do progresso que transformava florestas em descampados, índios em indigentes e negociantes desonestos em poderosos oligarcas.

Em sua viagem compreendida entre o Rio Paraíba e o Rio Preto, Saint-Hilaire exalta as florestas e matas da região, as quais considerou em seu livro “Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais”, como as que mais imponência tinham, se comparadas com as que havia visto em outros lugares do Brasil.

Em sua segunda passagem pela região do Vale do Rio Preto, descrita em seu livro “Segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo”, datada de 1822, Saint-Hilaire fez o seguinte relato da cidade:

“Para chegar a Rio Preto, atravessa-se sempre terreno montanhoso e coberto de mata virgem, e quando sobre algum cume elevado se pode avistar grande extensão de terras, só se notam florestas e montanhas. Serve o Rio Preto de fronteira às capitanias do Rio de Janeiro e Minas.
À extremidade de uma ponte fica uma cidadezinha encostada à montanha, composta de uma única rua muito larga e paralela ao rio ...

As casas de Rio Preto, excetuando-se uma ou duas, são térreas, pequenas, mas possuem um jardinzinho plantado de bananeiras, cuja pitoresca folhagem contribui para o embelezamento da paisagem.”
Adriano Cardoso - Webdesigner